Surtos de E. coli: Riscos Ocultos em Alimentos Frescos

Há algumas semanas falamos sobre um surto de Escherichia coli nos EUA, ligado às cebolas fatiadas usadas no sanduíche de uma famosa rede de fast food, que deixou 104 pessoas doentes, hospitalizou 34 e causou uma morte. A bactéria foi rastreada até a fábrica Taylor Farms no Colorado, levando à suspensão do uso do ingrediente. Até o momento, as investigações ainda estão em andamento para identificar o sorovar específico de Escherichia coli responsável pelo surto supracitado. Relatórios preliminares indicam que a cepa pode ser uma variante grave como O157:H7, frequentemente envolvida em surtos alimentares, mas isso ainda não foi oficialmente confirmado pelas autoridades de saúde pública, como o CDC. Novas atualizações são esperadas à medida que o sequenciamento genético e a rastreabilidade avançam.

Nos últimos anos, diversos surtos de Escherichia coli em alimentos foram registrados, destacando a necessidade de vigilância rigorosa na segurança dos alimentos. Alguns dos casos mais notáveis incluem:

Alface romana: Em 2022, um surto de E. coli foi associado ao consumo de alface romana em restaurantes, afetando seis estados nos EUA. Ao menos 97 pessoas foram infectadas, com 40 hospitalizações, incluindo casos graves de síndrome hemolítico-urêmica, que pode levar à falência renal. Em resposta, a empresa retirou a alface romana de vários estados e trocou o ingrediente por outro tipo de alface em suas saladas.

Espinafre embalado: Em 2023, espinafres frescos embalados foram associados a E. coli nos EUA, causando doenças em vários estados. O produto foi retirado do mercado após traçar a origem da contaminação​.

Cenouras Orgânicas: Um recall em novembro de 2024 envolveu cenouras orgânicas distribuídas nos EUA, Canadá e Porto Rico devido a contaminação com E. coli O121:H19, com implicações para a saúde pública ainda sob investigação.

Queijo Cheddar Cru (2024): Um surto de E. coli O157:H7 foi associado ao queijo cheddar cru, com 11 casos confirmados e 5 hospitalizações. A investigação indicou que o queijo, embora negativo em amostras coletadas, provavelmente foi a fonte do surto.

A implementação de protocolos de rastreabilidade é essencial para garantir a segurança dos alimentos e a eficácia na resposta a surtos envolvendo E. coli. Esses protocolos permitem identificar rapidamente a origem de um produto contaminado, facilitando a retirada de lotes afetados e a redução do impacto à saúde pública. Com sistemas de rastreabilidade robustos, como códigos de barras e registros digitais, as cadeias de produção podem ser monitoradas em tempo real, minimizando riscos de contaminação.

As formas analíticas para identificar os sorovares de E. coli incluem métodos como PCR (reação em cadeia da polimerase), que permite a amplificação de sequências genéticas específicas dos patógenos, e tipagem molecular, como MLST (sequenciamento multilocus de sequências), que analisa genes específicos para identificar diferentes linhagens. Outras abordagens incluem testes sorológicos e espectrometria de massas para detectar proteínas e outras biomoléculas associadas a cepas virulenta.

Os métodos tradicionais de identificação de E. coli continuam sendo aplicáveis, especialmente quando os recursos tecnológicos mais avançados não estão disponíveis. Entre os métodos tradicionais, destaca-se o cultivo em meios seletivos e testes bioquímicos subsequentes. Além disso, é imprescindível conhecer a matriz alimentar produzida e suas possíveis formas de contaminação para uma implementação eficaz de estratégias de controle, porque, cada tipo de alimento tem características que podem influenciar o crescimento e a sobrevivência de patógenos, sem contar no ciclo completo de produção, desde a origem até a distribuição.

Fontes:

https://oglobo.globo.com/saude/noticia/2024/11/14/surto-de-ecoli-no-mcdonalds-mais-de-100-pessoas-ficaram-doentes.ghtml
https://www.fda.gov/food/recalls-outbreaks-emergencies

Por: Fabiana Bittencourt

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